quinta-feira, 16 de outubro de 2008



Contexto histórico e social

Santo é o homem cuja pode ser apresentada como espelho da glória de Deus que brilhou plenamente em Cristo. ( 2Cor 4, 4-6)

São Pedro Nolasco, nasceu pelo ano de 1180, no fim do séc. XII. Fundou a Ordem Mercedária em 1218, mas a obra de redenção já havia começado bem antes, em 1203. Nolasco já havia entregado todos os seus bens à obra de libertação dos cativos. Como na frase acima nos diz podemos ver nele o espelho da glória de Deus, ou seja, seguindo Jesus, atualiza o evangelho redimindo cativos.
Era comerciante e vivia em Barcelona. Quanto ao seu lugar de origem temos duas versões. A primeira formulada por Pe. Nadal Gaver ( séc XV ) nos diz que ele nasceu em masía ( uma casa rústica ) do mosteriro de Santas Puellas , do distrito São Paulo, aos arredores de Barcelona, para mais tarde se mudou, confirmada por um escrito de Pe. Cijar, também do séc XV. A outra versão dos fatos é de Pe. Zumel que entende “mas “ ( masía) como sendo um nome próprio Mas de Santas Puellas, “ na Província da Gália mas não longe e de Barcelona” e é esta que vigora hoje.
Ele teve grande influencia no seu tempo era amigo dos nobres e chega a conversar com o rei Jaime I de Aragão, o mesmo que o apoiou na fundação da Ordem juntamente com o bispo de Bracelona Berenguer de Palou. São os nobres comerciantes que lhe ajudam na sua obra de redenção.
Pedro Nolasco ao ouvir o apelo de Deus não deixa de ser comerciante, assim como são Pedro não deixou de ser pescador. Se Pedro apostolo é depois do chamado do Mestre, pescador de homens, Nolasco é comerciante da liberdade. Como comerciante viajou e viu muitas situações de cativeiro sua resposta não foi como a de Francisco de Assis, “uma rejeição criadora nem uma abertura à palavra como Domingos de Gusmão. Nolasco respondeu com um novo tipo de “negócio” que se põe ao serviço da liberdade dos cativos” ( PIKAZA, p.11).
Nolasco vive a pobreza dando sua vida, sua fortuna em favor de seus irmãos cativos. Não rompe com toda forma de riqueza e intercambio comercial como Francisco, mas transforma, a riqueza é o cativo e o dinheiro apenas o meio para consegui-la. Ele toca o centro do conflito social da época. O avanço mulçumano em terras cristãs. Além das guerras pela terra a de se contar que a cultura dos dois povos são muito diferentes. A forma de enxergar a política, economia cultura e religião também influenciavam em como esses conflitos se davam.
É certo que o Corão prescreve uma guerra santa como meio de combater os infiéis, porém, essa mesma lei também prescreve que é preciso tolerar os cristãos e judeus pois são filhos de Abraão como os mulçumanos e em especial no que toca aos cristãos diz que é preciso respeitar os discípulos de cristo pois eles tem uma mensagem semelhante a de Maomé. Sendo assim podemos perceber que os mulçumanos eram homens como nós: às vezes compreensíveis, às vezes ditadores.
São Pedro Nolasco foi redentor de cativos vejamos então na visão de Pikaza quem é o cativo.

Cativos é o homem capturado, prisioneiro de pessoas de outra religião: pelo próprio direito de guerra converte-se em servo, se não tiver sido passado ao fio da espada; fica sujeito ao seu senhor, tornando-se objeto de domínio, no mercado do livre comércio: é um escravo de pessoas de outra fé e deve viver num contexto social e cultural muito diferente daquele que nasceu (PICAZA, p.13).

Podemos pensar porque Nolasco não redimiu também, mulçumano? A resposta Xavier nos dá dizendo que os reis católicos eram mais tolerantes. Quem sabe talvez pelo interesse de comércio com os mulçumanos. Porém a situação do outro lado deveria ser miserável. Ninguém era obrigado a abjurar sua fé, não era uma guerra declarada abertamente. A questão é que os cristãos eram vistos como cidadãos de segunda classe. O mulçumano zeloso, certamente lhes oferecia toda a vantagem de sua fé. Primeiro uma liberdade maior, segundo supria as suas carências e o abandono, prometendo o céu como um harém, a riqueza já neste mundo etc. e ainda mais imaginemos as mulheres cristãs que eram levadas para os haréns, quando eram feitas em esposa. Seria muito difícil conservar a fé nessas situações.
Assim há três níveis de opressão uma social ( escravo), a segunda cultural e familiar, e o terceiro o religioso.

Modos de redimir

Havia os alfaqueques que eram redentores cristãos, porém estes pagavam uma taxa pelo serviço prestado e os exeas que agenciavam as redenções. E havia ordens militares que também auxiliavam nesse serviço como a Ordem de Santiago, os Irmãos do Santo Redentor e os Trinitários.
Talvez nolasco não tenha entrada nas Ordens militares existentes porque a redenção de cativos não era seu principal objetivo, mas proteger peregrinos que iam para a Terra Santa. Nem entrada numa ordem pois talvez seu ideal era uma contemplação ativa. Por isso Nolasco busca dos Mendicantes a simplicidade fazendo-se ministro e servidor do dinheiro dos pobres, ao mesmo tempo audaz comerciante em favor dos cativos, ou seja, não muda seus hábitos mas os aprimora em prol do Reino.

A mística redentora

Talvez uma passagem do evangelho que ilustre esse começo é a da parábola da pérola( Mt 13, 45-46). Nolasco encontrou a grande perola preciso que se chama cativo foi vendeu o que tinha e retornou para comprá-la. Ou ainda do bom samaritano que vendo o necessitado se coloca a sua disposição e cuida de suas feridas afinal de contas foi o hospital de Santa Eulália a primeira moradia da ordem. Porém do evangélio não sabemos como o samaritano seguiu depois desse fato, mas de Nolasco o vemos incapaz de voltar as suas atividades da mesma forma. Ele vê seu Deus transfigurado em cada cativo. Sente o chamado de Deus como diz Pikaza parafraseando o evangélio Vem e eu te farei comerciante de homens.

Início da ordem

Nolasco percebe que sozinho não podia fazer muita coisa afinal era alto o número de cativos. Vendo seu exemplo outros se sentem inspirados e formam uma associação leiga. Provavelmente sem regra de vida como nos mosteiros. São comerciantes e bons cristãos. Gastam tudo que tem em favor dessa obra. Conforme o rei Jaime II de Aragão nos diz ” expondo seus próprios bens transformam-nos em preço da redenção. Se fazem pobre como Jesus. Seguem seu conselho: Vai vende o que tens e dá aos pobres.( Mt 19,21). Descem ao nível mas profundo da pobreza se tornam esmoleiros. Pediam esmolas nas Igrejas. “ Dedicavam-se cada dia, a recolher esmolas dos fiéis piedosos da Catalunha e do reino de Aragão... para realizar cada ano a obra da redenção “( Zumel).já não estão nos grandes círculos de burgueses que emergiam, são pobres. O próprio rei Jaime II diz que eram movidos pela devoção a Cristo. Ou seja. “ o primeiro redentor converteu-os em redentores.”
Ao estabelecerem-se no já citado hospital não o fizeram como administrados. No começo foram para lá, pois já haviam dado tudo aos pobres e não tinham onde morar somente depois o rei lhes confia o hospital. Esse hospital não era para cura de doenças como hoje, mas lugar dos pobres, onde os peregrinos passavam a noite, onde ficavam os doentes.

Como eram os redentores?

Vimos que a obra de redenção atingia também os de perto, esses redentores, porém que eram? Eram pessoas moderadas no comer e sagazes em comercializar. Mansos como pombos e astutos como serpentes. Era preciso que a pessoa tivesse o dom para falar, convencer, pechinchar etc. precisava multiplicar seu dinheiro com sabedoria afinal administra o dinheiro de Deus, o dinheiro dos pobres.
Enfim Nolasco ao ver Cristo no cativo lhe é fiel ao seu chamado vende tudo o que tem e por ter sido fiel nesse pouco foi convidado pelo Senhor a administrar as riquezas de seu Reino, os cativos. Por eles usa com sabedoria de seus dotes humanos ajudado por Deus, lhe confiando tudo em suas mãos vive da providência. Contempla Jesus no cativo. faz de sua atividade redentora uma atualização da obra do Mestre.

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